Comunicado aos Diocesanos de Foz do Iguaçu



Solicito aos Padres da Diocese de Foz do Iguaçu que dias 2 e 3 de fevereiro, celebrem missa em intenção das vítimas do incêndio em Santa Maria -RS.
Na proximidade da acolhida da Cruz pelos nossos jovens- dia 5 de fevereiro - expressamos nossa solidariedade aos familiares e amigos dos jovens vítimas do incêndio. Toda a vez que os jovens perdem a vida, em Foz do Iguaçu ou em  outro lugar do planeta, somos atingidos por sentimentos de dor e tristeza.
Que SANTA MARIA, Mãe de todos nós, conforte os familiares destes jovens e renove neles a esperança e a fé.


Dom Dirceu Vegini
Bispo Diocesano
"Comunhão e Participação"

DOM DIRCEU VEGINI - "Tu és sacerdote eternamente segundo a ordem do rei Melquisedec"

“NÓS VOS PEDIMOS, PAI TODO-PODEROSO, CONSTITUÍ ESTE VOSSO SERVO NA DIGNIDADE DE PRESBÍTERO; RENOVAI EM SEU CORAÇÃO O ESPÍRITO DE SANTIDADE; OBTENHA ELE, Ó DEUS, O SEGUNDO GRAU DA ORDEM SACERDOTAL, QUE DE VÓS PROCEDE, E A SUA VIDA SEJA EXEMPLO PARA TODOS.” (oração consecratória - Rito de Ordenação Sacerdotal)


Reverendíssimo Pai, Dom Dirceu Vegini,

Há 29 anos, pela imposição das mãos de Sua Excelência Reverendíssima Dom Domingos Gabriel Wisniewski (in memoriam), o senhor era consagrado sacerdote de Jesus Cristo. Amado Pastor, neste dia nós elevamos a Deus nosso louvor e gratidão pelo seu chamado à vocação de presbítero. Parabenizamos-vos pelo ministério exercido tão árdua e fielmente. Quanta alegria podermos felicitá-lo, tendo a plena convicção de que tão grande sacerdote é nosso pastor, aquele que nos guia tal qual Jesus Cristo, que nos ama e tem compaixão de nós como um pai, que doaria sua vida por todos e cada um de seus filhos.
Neste dia lembramos as palavras do Santo Padre, Bento XVI, na carta em que proclama o ano sacerdotal: “«O sacerdócio é o amor do Coração de Jesus»: costumava dizer o Santo Cura d’Ars. Esta tocante afirmação permite-nos, antes de mais nada, evocar com ternura e gratidão o dom imenso que são os sacerdotes não só para a Igreja mas também para a própria humanidade. Penso em todos os presbíteros que propõem, humilde e quotidianamente, aos fiéis cristãos e ao mundo inteiro as palavras e os gestos de Cristo, procurando aderir a Ele com os pensamentos, a vontade, os sentimentos e o estilo de toda a sua existência. Como não sublinhar as suas fadigas apostólicas, o seu serviço incansável e escondido, a sua caridade tendencialmente universal? E que dizer da fidelidade corajosa de tantos sacerdotes que, não obstante dificuldades e incompreensões, continuam fiéis à sua vocação: a de «amigos de Cristo», por Ele de modo particular chamados, escolhidos e enviados?”
Dom Dirceu Vegini, nós da Pastoral dos Coroinhas, Cerimoniários e Acólitos, regozijamo-nos convosco neste dia e como o salmista exclamamos: “Que poderei retribuir ao Senhor Deus, por tudo aquilo que ele fez em meu favor? Elevo o cálice da minha salvação, invocando o nome santo do Senhor.”(Sl 115(116)). Que do Sacratíssimo Coração de Jesus jorre o amor e as graças para vos conceder alegria, força, perseverança e coragem no desempenho do vosso ministério sacerdotal. Que Maria interceda por vós, ela que é a medianeira de todas as graças. E por fim, que Santa Inês, cuja memória hoje celebramos, seja modelo de pureza de coração e fé inquebrantável, mesmo diante das maiores turbulências.
Unidos no amor, na comunhão, na participação e na fé,
Abraço fraterno,
Servidores do Altar – Diocese de Foz do Iguaçu.

Foz do Iguaçu, 21 de janeiro de 2013,
Memória de Santa Inês, Virgem e Mártir


Vaticano prepara manual para ajudar sacerdotes a celebrar melhor a missa e ao fiél participar bem.


Em declaração durante conferência sobre liturgia na Espanha, o cardeal Antonio Cañizares afirmou que a missa deve emocionar, "mas sem virar espetáculo".

Cardeal Antonio Cañizares
A Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos está preparando um pequeno manual destinado a ajudar os sacerdotes a celebrar devidamente a santa missa e também os fiéis a participarem dela com mais proveito. O cardeal Antonio Cañizares adiantou a novidade durante uma conferência na embaixada da Espanha perante a Santa Sé, intitulada "A liturgia católica a partir do Vaticano II: continuidade e evolução".

"Estamos preparando. [O manual] vai ajudar a celebrar bem e a participar bem. Eu espero que ele saia ainda este ano, para o verão [no hemisfério norte]", declarou o purpurado à agência ZENIT.

O cardeal, durante a conferência, reiterou a importância dada pelo concílio Vaticano II à liturgia, "cuja renovação deve ser entendida em continuidade com a tradição da Igreja e não como ruptura". Ruptura seja por inovações que não respeitam a continuidade, seja por imobilidade que amarra tudo à época de Pio XII, completou Cañizares.

O cardeal recordou em particular a importância que o primeiro documento conciliar, Sacrosantum Concilium, concede à sagrada liturgia, por cujo meio "é exercida a obra da nossa redenção, em especial no divino sacrifício da eucaristia". "Deus quer ser adorado de maneira concreta e nós não somos ninguém para mudá-la". Cañizares especificou que, quando se fala de Igreja renovada, não se deve entender uma mera reforma de estruturas, mas uma mudança a partir da liturgia, pois é a partir da liturgia que se opera a obra da salvação.

Não pode ser esquecido, além disto, o que diz o documento conciliar: "Cristo está sempre presente na sua Igreja, principalmente na ação litúrgica. Ele está presente no sacrifício da missa, seja na pessoa do ministro, 'oferecendo agora pelo ministério dos sacerdotes o mesmo que foi oferecido na cruz', seja nas espécies eucarísticas".

O cardeal enfatizou que a finalidade da liturgia "é a adoração de Deus e a salvação dos homens", e que "não se trata de uma criação nossa, mas de uma fonte e ápice da Igreja". O prefeito da Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos criticou abusos existentes, como a espetacularização, mas elogiou os momentos de silêncio, "que são momentos de ação", já que permitem ao sacerdote e aos fiéis falar com Cristo. A atitude equilibrada "é aquela indicada por São João Batista, quando ele afirma que deseja diminuir para que o Messias cresça".

Sobre a animação da missa com cantos, Cañizares disse que é necessário priorizar o entendimento do mistério, em vez de transformar a missa em um show para superar "a monotonia".

Acrescentou que o concílio não falou da missa voltada ao povo, o que permitiu que Bento XVI celebrasse a missa na Capela Sistina voltado para o altar; isto não exclui que o padre se volte para o povo, em particular durante a palavra de Deus.

Destacou ainda a necessidade da noção do mistério e de alguns particulares interessantes que eram respeitados antes, como o altar voltado para o oriente e a consciência mais clara do sentido da eucaristia como sacrifício.

Interrogado pela embaixadora do Panamá junto à Santa Sé a respeito da ação das culturas autóctones na liturgia, o cardeal precisou que "o concílio fala da adaptação da liturgia", respeitando "as legítimas variedades", sem que elas eliminem os princípios. Recordou, a propósito, uma experiência pessoal que viveu na Espanha, no domingo de Ramos, quando, em uma missa cigana, um jovem cantou o 'Cordeiro de Deus' no gênero flamenco, "um verdadeiro suspiro da alma que emocionou e fez toda a assembleia participar vivamente".

Cañizares analisou o fato de em muitas igrejas o Santíssimo ser posto num altar ou capela lateral, fazendo com que "o sacrário desapareça": com isto, as pessoas conversam antes da missa e se prepararam menos para ela.

Sobre o caso Lefebvre, o cardeal recordou que Bento XVI ofereceu uma medida de reconciliação à qual eles não corresponderam, e que "pensar que a tradição fica em Pio XII também é ruptura". 

Fonte: ZENIT

CELEBRAÇÃO DO BATISMO DO SENHOR


No próximo domingo encerramos o tempo do Natal com a Santa Missa na Festa do Batismo do Senhor. Para nos preparemos reflitamos com as Palavras do Servo dos Servos de Deus, o Papa Bento XVI.


PAPA BENTO XVI
ANGELUS
Praça de São Pedro
Domingo, 9 de Janeiro de 2011

        Queridos irmãos e irmãs!
        Hoje a Igreja celebra o Batismo do Senhor, festa que conclui o tempo litúrgico do Natal. Este mistério da vida de Cristo mostra visivelmente que a sua vinda na carne é o ato sublime de amor da Santíssima Trindade. Podemos dizer que deste acontecimento solene a ação criadora, redentora e santificadora da Santíssima Trindade será cada vez mais explícita na missão pública de Jesus, no seu ensinamento, nos milagres, na sua paixão, morte e ressurreição. De fato, lemos no Evangelho segundo Mateus que «uma vez batizado, Jesus saiu da água e eis que os céus se Lhe abriram e viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e vir sobre Ele. E uma voz vinda do céu, dizia: “Este é o Meu Filho muito amado, no Qual pus toda a Minha complacência”» (3, 16-17). O Espírito Santo «habita» no Filho e testemunha a sua divindade, enquanto a voz do Pai, proveniente do céu, expressa a comunhão de amor. «A conclusão da cena do batismo diz-nos que Jesus recebeu esta “unção” autêntica, que Ele é o Ungido esperado» (Jesus de Nazaré, 2007, 47-48), como confirmação da profecia de Isaías: «Eis o Meu servo, que eu amparo, o meu eleito, no qual a Minha alma se deleita» (42, 1). É verdadeiramente o Messias, o Filho do Altíssimo que, saindo das águas do Jordão, estabelece a regeneração no Espírito e dá a possibilidade, a quantos o quiserem, de se tornarem filhos de Deus. De facto, não é por acaso que cada baptizado adquire o carácter de filho a partir do nome cristão, sinal inconfundível de que o Espírito Santo faz nascer «de novo» o homem do seio da Igreja. O beato Antonio Rosmini afirma que «no batizado se realiza uma ação secreta mas muito poderosa, mediante a qual ele é elevado à ordem sobrenatural, é posto em comunicação com Deus» (Del principio supremo della metodica..., Turim, 1857, n. 331). Tudo isto se realizou de novo esta manhã, durante a celebração eucarística na Capela Sistina, onde conferi o sacramento do Batismo a 21 recém-nascidos.
        Queridos amigos, o Batismo é o início da vida espiritual, que encontra a sua plenitude por meio da Igreja. No momento propício do Sacramento, enquanto a Comunidade eclesial reza e confia a Deus um novo filho, os pais e os padrinhos comprometem-se a acolher o recém-batizado apoiando-o na formação e na educação cristã. Esta é uma grande responsabilidade, que deriva de um grande dom! Por isso, desejo encorajar todos os fiéis a redescobrir a beleza de ser batizados e a dar jubiloso testemunho da própria fé, para que esta fé gere frutos de bem e de concórdia.
        Pedimo-lo por intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, Ajuda dos cristãos, à qual confiamos os pais que se estão a preparar para o Batismo dos seus filhos, assim como os catequistas. Toda a comunidade participe da alegria do renascimento na água e no Espírito Santo!

Fonte: Vaticano

HOMILIA DO PAPA BENTO XVI - SANTA MISSA NA SOLENIDADE DA EPIFANIA DO SENHOR



Basílica Vaticana
Domingo, 6 de Janeiro de 2013

 Amados irmãos e irmãs!
Para a Igreja crente e orante, os Magos do Oriente, que, guiados pela estrela, encontraram o caminho para o presépio de Belém, são apenas o princípio duma grande procissão que permeia a história. Por isso, a liturgia lê o Evangelho que fala do caminho dos Magos juntamente com as estupendas visões proféticas de Isaías 60 e do Salmo 72 que ilustram, com imagens ousadas, a peregrinação dos povos para Jerusalém. Assim como os pastores – os primeiros convidados para irem até junto do Menino recém-nascido deitado na manjedoura – personificam os pobres de Israel e, em geral, as almas simples que interiormente vivem muito perto de Jesus, assim também os homens vindos do Oriente personificam o mundo dos povos, a Igreja dos gentios: os homens que, ao longo de todos os séculos, se encaminham para o Menino de Belém, n’Ele honram o Filho de Deus e se prostram diante d’Ele. A Igreja chama a esta festa «Epifania» – a manifestação do Divino. Se considerarmos o facto de que desde então homens de todas as proveniências, de todos os continentes, das mais diversas culturas e das diferentes formas de pensamento e de vida se puseram, e estão, a caminho de Cristo, podemos verdadeiramente dizer que esta peregrinação e este encontro com Deus na figura do Menino é uma Epifania da bondade de Deus e do seu amor pelos homens (cf. Tt 3, 4).
Seguindo uma tradição iniciada pelo Beato Papa João Paulo II, celebramos a festa da Epifania também como dia da Ordenação episcopal de quatro sacerdotes que daqui em diante irão colaborar, em diferentes funções, com o Ministério do Papa em prol da unidade da única Igreja de Jesus Cristo na pluralidade das Igrejas particulares. A conexão entre esta Ordenação episcopal e o tema da peregrinação dos povos para Jesus Cristo é evidente. O Bispo tem a missão não apenas de se incorporar nesta peregrinação juntamente com os demais, mas de ir à frente e indicar a estrada. Nesta liturgia, porém, queria reflectir convosco sobre uma questão ainda mais concreta. Com base na história narrada por Mateus, podemos certamente fazer uma ideia aproximada do tipo de homens que, seguindo o sinal da estrela, se puseram a caminho para encontrar aquele Rei que teria fundado uma nova espécie de realeza, e não só para Israel mas para a humanidade inteira. Que tipo de homens seriam então eles? E perguntemo-nos também se a partir deles, não obstante a diferença dos tempos e das funções, seja possível vislumbrar algo do que é o Bispo e de como deve ele cumprir a sua missão.
Os homens que então partiram rumo ao desconhecido eram, em definitiva, pessoas de coração inquieto; homens inquietos movidos pela busca de Deus e da salvação do mundo; homens à espera, que não se contentavam com seus rendimentos assegurados e com uma posição social provavelmente considerável, mas andavam à procura da realidade maior. Talvez fossem homens eruditos, que tinham grande conhecimento dos astros e, provavelmente, dispunham também duma formação filosófica; mas não era apenas saber muitas coisas que queriam; queriam sobretudo saber o essencial, queriam saber como se consegue ser pessoa humana. E, por isso, queriam saber se Deus existe, onde está e como é; se Se preocupa connosco e como podemos encontrá-Lo. Queriam não apenas saber; queriam conhecer a verdade acerca de nós mesmos, de Deus e do mundo. A sua peregrinação exterior era expressão deste estar interiormente a caminho, da peregrinação interior do seu coração. Eram homens que buscavam a Deus e, em última instância, caminhavam para Ele; eram indagadores de Deus.
Chegamos assim à questão: Como deve ser um homem a quem se impõem as mãos para a Ordenação episcopal na Igreja de Jesus Cristo? Podemos dizer: deve ser sobretudo um homem cujo interesse se dirige para Deus, porque só então é que ele se interessa verdadeiramente também pelos homens. E, vice-versa, podemos dizer: um Bispo deve ser um homem que tem a peito os outros homens, que se deixa tocar pelas vicissitudes humanas. Deve ser um homem para os outros; mas só poderá sê-lo realmente, se for um homem conquistado por Deus: se, para ele, a inquietação por Deus se tornou uma inquietação pela sua criatura, o homem. Como os Magos do Oriente, também um Bispo não deve ser alguém que se limita a exercer o seu ofício, sem se importar com mais nada; mas deve deixar-se absorver pela inquietação de Deus com os homens. Deve, por assim dizer, pensar e sentir em sintonia com Deus. Não é apenas o homem que tem em si a inquietação constitutiva por Deus, mas esta inquietação é uma participação na inquietação de Deus por nós. Foi por estar inquieto connosco que Deus veio atrás de nós até à manjedoura; mais: até à cruz. «A buscar-me Vos cansastes, pela Cruz me resgatastes: tanta dor não seja em vão!»: reza a Igreja no Dies irae. A inquietação do homem por Deus e, a partir dela, a inquietação de Deus pelo homem não devem dar tréguas ao Bispo. É isto que queremos dizer, ao afirmar que o Bispo deve ser sobretudo um homem de fé; porque a fé nada mais é do que ser interiormente tocado por Deus, condição esta que nos leva pelo caminho da vida. A fé atrai-nos para dentro de um estado em que somos arrebatados pela inquietação de Deus e faz de nós peregrinos que estão interiormente a caminho para o verdadeiro Rei do mundo e para a sua promessa de justiça, de verdade e de amor. Nesta peregrinação, o Bispo deve ir à frente, deve ser aquele que indica aos homens a estrada para a fé, a esperança e o amor.
A peregrinação interior da fé para Deus realiza-se sobretudo na oração. Santo Agostinho disse certa vez que a oração, em última análise, nada mais seria do que a actualização e a radicalização do nosso desejo de Deus. No lugar da palavra «desejo», poderíamos colocar também a palavra «inquietação» e dizer que a oração quer arrancar-nos da nossa falsa comodidade, da nossa clausura nas realidades materiais, visíveis, para nos transmitir a inquietação por Deus, tornando-nos assim abertos e inquietos uns para com os outros. O Bispo, como peregrino de Deus, deve ser sobretudo um homem que reza, deve estar em permanente contacto interior com Deus; a sua alma deve estar aberta de par em par a Deus. As dificuldades suas e dos outros bem como as suas alegrias e as dos demais deve levá-las a Deus e assim, a seu modo, estabelecer o contacto entre Deus e o mundo na comunhão com Cristo, para que a luz de Cristo brilhe no mundo.
Voltemos aos Magos do Oriente. Eles eram também e sobretudo homens que tinham coragem; tinham a coragem e a humildade da fé. Era preciso coragem a fim de acolher o sinal da estrela como uma ordem para partir, para sair rumo ao desconhecido, ao incerto, por caminhos onde havia inúmeros perigos à espreita. Podemos imaginar que a decisão destes homens tenha provocado sarcasmo: o sarcasmo dos ditos realistas que podiam apenas zombar das fantasias destes homens. Quem partia baseado em promessas tão incertas, arriscando tudo, só podia aparecer como ridículo. Mas, para estes homens tocados interiormente por Deus, era mais importante o caminho segundo as indicações divinas do que a opinião alheia. Para eles, a busca da verdade era mais importante que a zombaria do mundo, aparentemente inteligente.
Vendo tal situação, como não pensar na missão do Bispo neste nosso tempo? A humildade da fé, do crer juntamente com a fé da Igreja de todos os tempos, há-de encontrar-se, vezes sem conta, em conflito com a inteligência dominante daqueles que se atêm àquilo que aparentemente é seguro. Quem vive e anuncia a fé da Igreja encontra-se em desacordo também em muitos aspectos, com as opiniões dominantes precisamente no nosso tempo. O agnosticismo, hoje largamente imperante, tem os seus dogmas e é extremamente intolerante com tudo o que o põe em questão, ou põe em questão os seus critérios. Por isso, a coragem de contradizer as orientações dominantes é hoje particularmente premente para um Bispo. Ele tem de ser valoroso; e esta valentia ou fortaleza não consiste em ferir com violência, na agressividade, mas em deixar-se ferir e fazer frente aos critérios das opiniões dominantes. A coragem de permanecer firme na verdade é inevitavelmente exigida àqueles que o Senhor envia como cordeiros para o meio de lobos. «Aquele que teme o Senhor nada temerá», diz Ben Sirá (34, 14). O temor de Deus liberta do medo dos homens; faz-nos livres!
Neste contexto, recordo um episódio dos primórdios do cristianismo que São Lucas narra nosActos dos Apóstolos. Depois do discurso de Gamaliel, que desaconselha a violência contra a comunidade nascente dos crentes em Jesus, o Sinédrio convocou os Apóstolos e fê-los flagelar. Depois proibiu-os de pregar em nome de Jesus e pô-los em liberdade. São Lucas continua: Os Apóstolos «saíram da sala do Sinédrio cheios de alegria por terem sido considerados dignos de sofrer vexames por causa do Nome de Jesus. E todos os dias (...) não cessavam de ensinar e de anunciar a Boa-Nova de Jesus, o Messias» (Act 5, 41-42). Também os sucessores dos Apóstolos devem esperar ser, repetidamente e de forma moderna, flagelados, se não cessam de anunciar alto e bom som a Boa-Nova de Jesus Cristo; hão-de então alegrar-se por terem sido considerados dignos de sofrer ultrajes por Ele. Naturalmente queremos, como os Apóstolos, convencer as pessoas e, neste sentido, obter a sua aprovação; naturalmente não provocamos, antes, pelo contrário, convidamos todos a entrarem na alegria da verdade que indica a estrada. Contudo o critério ao qual nos submetemos não é a aprovação das opiniões dominantes; o critério é o próprio Senhor. Se defendemos a sua causa, conquistaremos incessantemente, pela graça de Deus, pessoas para o caminho do Evangelho; mas inevitavelmente também seremos flagelados por aqueles cujas vidas estão em contraste com o Evangelho, e então poderemos ficar agradecidos por sermos considerados dignos de participar na Paixão de Cristo.
Os Magos seguiram a estrela e assim chegaram a Jesus, à grande Luz que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem (cf. Jo 1, 9). Como peregrinos da fé, os Magos tornaram-se eles mesmos estrelas que brilham no céu da história e nos indicam a estrada. Os santos são as verdadeiras constelações de Deus, que iluminam as noites deste mundo e nos guiam. São Paulo, na Carta aos Filipenses, disse aos seus fiéis que devem brilhar como astros no mundo (cf. 2, 15).
Queridos amigos, isto diz respeito também a nós. Isto diz respeito sobretudo a vós que ides agora ser ordenados Bispos da Igreja de Jesus Cristo. Se viverdes com Cristo, ligados a Ele novamente no Sacramento, então também vós vos tornareis sábios; então tornar-vos-eis astros que vão à frente dos homens e indicam-lhes o caminho certo da vida. Neste momento, todos nós aqui rezamos por vós, pedindo que o Senhor vos encha com a luz da fé e do amor, que a inquietação de Deus pelo homem vos toque, que todos possam experimentar a sua proximidade e receber o dom da sua alegria. Rezamos por vós, para que o Senhor sempre vos dê a coragem e a humildade da fé. Rezamos a Maria, que mostrou aos Magos o novo Rei do mundo (cf. Mt 2, 11), para que, como Mãe amorosa, mostre Jesus Cristo também a vós e vos ajude a serdes indicadores da estrada que leva a Ele. Amen.

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Imagens: Facebook

Solenidade da Epifania do Senhor



A Epifania é uma festa da luz. «Ergue-te, Jerusalém, e sê iluminada, que a tua luz desponta e a glória do Senhor está sobre ti» (Is 60, 1). Com estas palavras do profeta Isaías, a Igreja descreve o conteúdo da festa. Sim, veio ao mundo Aquele que é a Luz verdadeira, Aquele que faz com que os homens sejam luz. Dá-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus (cf. Jo 1, 9.12). Para a liturgia, o caminho dos Magos do Oriente é só o início de uma grande procissão que continua ao longo da história inteira. Com estes homens, tem início a peregrinação da humanidade rumo a Jesus Cristo: rumo àquele Deus que nasceu num estábulo, que morreu na cruz e, Ressuscitado, permanece connosco todos os dias até ao fim do mundo (cf. Mt 28, 20).
Bento XVI


ANÚNCIO DAS SOLENIDADES MÓVEIS DE 2013
(A ser anunciada depois da proclamação do Evangelho ou em seguida à oração depois da comunhão)

Irmãos caríssimos, a glória do Senhor manifestou-se e sempre haverá de manifestar-se no meio de nós até a sua vinda no fim dos tempos.
Nos ritmos e nas vicissitudes do tempo recordamos e vivemos os mistérios da salvação.
O centro de todo o ano litúrgico é o Tríduo do Senhor, crucificado, sepultado e ressuscitado, que culminará no Domingo de Páscoa, este ano em 31 de março.
Em cada domingo, Páscoa semanal, a Santa Igreja torna presente este grande acontecimento, no qual Jesus Cristo venceu o pecado e a morte.
Da celebração da Páscoa do Senhor derivam todas as celebrações do Ano Litúrgico: as Cinzas,  início da Quaresma, em 13 de fevereiro; a Ascensão do Senhor, em 12 de maio; Pentecostes, em 19 de maio; o primeiro Domingo do Advento, em 1º de dezembro.
Também nas festas da Santa Mãe de Deus, dos Apóstolos, dos Santos e na Comemoração dos Fiéis Defuntos, a Igreja, peregrina sobre a terra, proclama a Páscoa do Senhor.
A Cristo, que era, que é e que há de vir, Senhor do tempo e da História, louvor e glória pelos séculos dos séculos.

Todos: Amém!
(Diretório Litúrgico 2013 - CNBB)

Nota de solidariedade ao Bispo Diocesano