Orientação para o Tempo do Advento

A voz do meu Amado! Vejam: vem correndo pelos montes, saltitando nas colinas! (Ct 2,8) Tu vens, tu vens! Eu já escuto os teus sinais! A voz do Anjo sussurrou no meu ouvido
- eu não duvido, já escuto teus sinais: que tu virias numa manhã de Domingo. Eu te anuncio dos sinos das catedrais.
(Alceu Valença)

1. O significado
Tempo tipicamente latino, surgido no século. IV.
Tempo de alegre expectativa: a Igreja celebra, no memorial litúrgico, a espera da humanidade e do povo de Israel pelo Salvador desejado pelo coração humano e prometido por Deus a Israel. Na Gália era um tempo penitencial, sobretudo à espera do Cristo-Juiz: roxo, penitência e ausência de flores. Liturgicamente, o Advento liga-se de modo natural aos últimos domingos do Tempo Comum, de sabor marcadamente escatológico, insistindo sobre a consumação e plenitude de todas as coisas com a Vinda do Senhor.

2. Sua articulação
Na liturgia atual, o Advento divide-se em duas partes bem distintas:
A primeira é formada pelos dois primeiros domingos e, continuando os últimos domingos do Tempo Comum, colocam a ênfase no Cristo que vem no final dos tempos. A Vinda de Jesus no Natal, deve recordar que é preciso tomar posição diante do Cristo: ele virá e nele o mundo está julgado!
A segunda parte é a Semana Santa do Natal (dias 17 a 24 de dezembro). É um período de riquíssima espiritualidade e intensos sentimentos: é preparação imediata para o Santo Natal. Marca deste período são as Antífonas Ó!

3. Personagens principais
Isaías, Maria Virgem, José, João Batista;
Também Zacarias e Isabel, Simeão e Ana e todos os anawim (= os pobres de Iahweh)

4. Atitudes próprias do Advento
· vigilância na fé, na oração, na busca de reconhecer o Cristo que vem nos acontecimentos e nos irmãos;
· conversão, procurando consertar nossos caminhos e andar nos caminhos do Senhor, para seguir a Jesus para o Reino do Pai;
· testemunho da alegria que Jesus nos traz, através de uma caridade paciente e carinhosa para com os outros;
· pobreza interior, de um coração disponível para Deus, como Maria, José, João Batista, Zacarias, Isabel;
· alegria, na feliz expectativa do Cristo que vem e na invencível certeza de que ele não falhará.

5. Peculiaridades litúrgicas
1. a cor roxa, recordando a sobriedade de quem vigia e espera ansioso;
2. as flores na Igreja são usadas com moderação, também como sinal de expectativa;
3. não se canta o «Glória» na Missa, na expectativa feliz de cantá-lo na Noite Santa do Natal do Senhor.
Obs: Não é correto o uso do róseo, a não ser no terceiro domingo do Advento. O uso do róseo em todos os dias ou domingos desse tempo é um abuso, já que não é aprovado pela Santa Sé.

6. Sugestões pastorais
O “Natal em Família”
A leitura e meditação do Livro do Profeta Isaías
A Coroa do Advento e o Presépio
A valorização das Antífonas Ó
O incremento de uma autêntica espiritualidade Mariana (mais que o Mês de Maio, o Advento é o tempo mariano por excelência)!
A Celebração da Reconciliação sacramental (se possível com um momento comunitário)
O cuidado na decoração do espaço celebrativo: sobriedade e, a partir da Semana Santa do Natal, a ornamentação da Coroa e a armação do Presépio sem o Menino (colocado na Missa do Galo)
Toda a liturgia do Advento deve criar um clima de tensão alegre e ansiosa pela vinda do Senhor, deve desenvolver nos fiéis uma profunda nostalgia de Deus como Presença, Companhia, Aconchego, Intimidade, Salvação e Plenitude. Somente quem alarga o coração pelo desejo, pode exultar pelo Dom desejado e depois recebido.

7. Observações práticas
I. A Coroa do Advento: 
a) Deve ser abençoada na missa principal do primeiro domingo. Veja o Rito aqui.
b) Cada vela deveria ser acesa seguindo-se um rito próprio.
c) Deve ser toda verde, sendo ornamentada com bolas, flores e luzes somente a partir do dia 17 de dezembro.
d) Permanece na igreja (presbitério), na Missa de Natal --> (junto do presépio) até a Festa do Batismo do Senhor, quando retiram-se os ornamentos de Natal.
II. O presépio: 
a) Deve ser armado no dia 17 de dezembro, início da Semana Santa do Natal;
b) O menino Jesus somente deve ser colocado na Missa do Galo
c) Deve ser desarmado somente após a Festa do Batismo do Senhor
III. As Antífonas Ó: 
a) É recomendável cantá-las ao Aleluia do Evangelho da Missa de cada dia de 17 a 24
b) Pode-se colocá-las ao lado do Presépio, ladeada por velas, sobre uma estante, como um livro, do dia 17 de dezembro até o Batismo do Senhor
IV. As kalendas: 
a) São entoadas após o Ato Penitencial e antes do Glória da Missa do Galo.
b) Para facilitar, entoa-se com tom salmódico. A letra encontra-se no Diretório Litúrgico da CNBB.
c) O modo de calcular a data da lua é o seguinte: subtrai-se 25- (dia da lua nova de dezembro) e anuncia-se o dia em número ordinal (por exemplo: “25o. da lua”).


Visão Cristã

Jesus é Rei?


“O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A ele a glória e poder através dos séculos” (Ap 5,12; 1,6). Estas palavras são da Antífona de Entrada da Solenidade de hoje e dão o sentido profundo desta celebração de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo.
            Uma pergunta que pode vir – deveria vir! – ao nosso coração é esta: Jesus é Rei? Como pode ser Rei, num mundo paganizado, num mundo pós-cristão, num mundo que esqueceu Deus, num mundo que ridiculariza a Igreja por pregar o Evangelho e suas exigências?... Pelo menos do Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo o mundo não quer saber... Como, então, Jesus pode ser Rei de um mundo que não aceita ser o seu reinado? E, no entanto, hoje, no último domingo deste ano litúrgico de 2003, ao final de um ciclo de tempo, voltamo-nos para o Cristo, e o proclamamos Rei: Rei de nossas vidas, Rei da história, Rei dos cosmo, Rei do universo. A Igreja canta, neste dia, na sua oração: “Cristo Rei, sois dos séculos Príncipe,/ Soberano e Senhor das nações!/ Ó Juiz, só a vós é devido/ julgar mentes, julgar corações”. O texto do Apocalipse citado no início desta meditação dá o sentido da realeza de Jesus: ele é o Cordeiro que foi imolado. É Rei não porque é prepotente, não porque manda em tudo, até suprimir nossa liberdade e nossa consciência. É Rei porque nos ama, Rei porque se fez um de nós, Rei porque por nós sofreu, morreu e ressuscitou, Rei porque nos dá a vida. Ele é aquele Filho do Homem da primeira leitura: “Foram-lhe dados poder, glória e realeza, e todos os povos, nações e línguas o serviam: seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá”. Com efeito, o reinado de Cristo não tem as características dos reinados do mundo. 
(1) Ele é Rei não porque se distancia de nós, mas precisamente porque se fez “Filho do homem”, solidário conosco em tudo. Ele experimentou nossas pobrezas e limitações; ele caminhou pelas nossas estradas, derramou o nosso suor, angustiou-se com nossas angústias e experimentou tantos dos nossos medos. Ele morreu como nós, de morte humana, tão igual à nossa. Ele reina pela solidariedade. 
(2) Ele é Rei porque nos serviu: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). Serviu com toda a sua existência, serviu dando sempre e em tudo a vida por nós, por amor de nós. Ele reina pelo amor. 
(3) Ele é Rei porque tudo foi criado pelo Pai “através dele e para ele” (Cl 1,15); tudo caminha para ele e, nele, tudo aparecerá na sua verdade: “Quem é da verdade, ouve a minha voz”. É nele que o mundo será julgado. A televisão, os modismos, os sabichões de plantão podem dizer o que quiserem, ensinarem a verdade que lhes forem conveniente... mas, ao final, somente o que passar pelo teste de cruz do Senhor resistirá. O resto, é resto: não passa de palha. Ele reina pela verdade. 
(4) Ele é Rei porque é o único que pode garantir nossa vida; pode fazer-nos felizes agora e pode nos dar a vitória sobre a morte por toda a eternidade: “Jesus Cristo é a testemunha fiel e verdadeira, o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, o soberano dos reis da terra”. Ele reina pela vida. 
            Sim, Jesus é Rei: “Eu sou Rei! Para isto nasci, para isto vim ao mundo!” Mas seu Reino nada tem a ver com o triunfalismo dos reinos humanos – de direita ou de esquerda! Nunca nos esqueçamos que aquele que entrou em Jerusalém como Rei, veio num burrico, símbolo de mansidão e serviço. Como coroa teve os espinhos; como cetro, uma cana; como manto, um farrapo escarlate; como trono, a cruz. Se quisermos compreender a realeza de Cristo, é necessário não esquecer isso! A marca e o critério da realeza de Cristo é e será sempre, a cruz!
            Hoje, assistimos, impressionados, a paganização do mundo, e perguntamos: onde está a realeza do Cristo? – Onde sempre esteve: na cruz: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”. O Reino de Jesus não é segundo o modelo deste mundo, não se impõe por guardas, pela força, pelas armas: meu Reino não é daqui! É um Reino que vem do mundo do amor e da misericórdia de Deus, não das loucuras megalomaníacas dos seres humanos. E, no entanto, o Reino está no mundo: “Cumpriu-se o tempo; o Reino de Deus está próximo” (Mc 1,15); “Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, então o Reino de Deus já chegou para vós” (Lc 11,20). O Reino que Jesus trouxe deve expandir-se no mundo! Onde ele está? Onde estiverem o amor, a verdade, a piedade, a justiça, a solidariedade, a paz. O Reino do Cristo deve penetrar todos os âmbitos de nossa existência: a economia, as relações comerciais, os mercados financeiros, as relações entre pessoas e povos, nossa vida afetiva, nossa moral pessoal e comunitária.
            Celebrar Jesus Cristo Rei do Universo é proclamar diante do mundo que somente Cristo é o sentido último de tudo e de todos, que somente Cristo é definitivo e absoluto. Proclamá-lo Rei é dizer que não nos submetemos a nada nem a ninguém, a não ser ao Cristo; é afirmar que tudo o mais é relativo e menos importante quando confrontado com o único necessário, que é o Reino que Jesus veio trazer. Num mundo que deseja esvaziar o Evangelho, tornando Jesus alguém inofensivo e insípido, um deus de barro, vazio e sem utilidade, proclamar Jesus como Rei é rejeitar o projeto pagão do mundo atual e proclamar: “O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A ele a glória e poder através dos séculos”. Amém (Ap 5,12; 1,6).

Dom Henrique Soares

SOLENIDADE DE CRISTO REI DO UNIVERSO


  Caríssimos em Cristo, este é o último Domingo do Tempo Comum, e a Igreja contempla, adora e proclama o seu Senhor, Jesus Cristo, como Rei e Senhor do universo! Depois de termos percorrido todo o Ano Litúrgico, começando lá atrás, com o Advento que nos preparava para o Natal; depois de termos atravessado a penitência quaresmal e o júbilo pascal, depois das trinta e três semanas do longo Tempo Comum, eis-nos agora, ao final do ano da Igreja, proclamando que o Senhor do universo, o Rei do tempo e da eternidade é o Cristo nosso Deus!
            Rei do Universo! Título pomposo, esse! E pode nos levar à descrença e ao engano. À descrença, quando olhamos em torno a nós e constatamos que cada vez mais Cristo parece reinar menos! Como é Rei? Nossa sociedade é pós-cristã e neo-pagã, os traços do cristianismo e as marcas de respeito pelo Senhor Jesus vão se diluindo e desaparecendo rapidamente... Jesus não mais é rei nas famílias, Jesus não mais é rei nas nossas escolas, Jesus não mais é rei nos nossos ambientes de trabalho, não mais é rei nas nossas leis nem dos nossos legisladores e governantes... Hoje reina o paganismo, hoje reina o relativismo, hoje reina a banalização do que é sagrado... Não será, então, uma tremenda ilusão, uma alienação de quem não quer ver a verdade dos fatos, dizer que Cristo é Rei? Não estaria a Igreja tão tonta de ilusão, que pensa ainda como se fora dois ou três séculos atrás? O mundo nos grita aos ouvidos: "Não! Cristo não é mais Rei! Não queremos que esse aí reine sobre nós! Que reine a nossa ciência; que reine a nossa vontade, na terra como no céu; que reine nosso prazer; reinemos nós mesmos, como senhores do bem e do mal, do certo e do errado, da vida e da morte!" É assim, meus irmãos, que olhando a realidade atual, a festa de hoje pode nos levar à descrença, a uma tremenda tristeza, a um inapelável desânimo! Somos súditos de um Reino sem espaço e de um Rei sem trono nem poder... Parece que o Reino no qual apostamos não passa de um conto de fadas desmentido pela realidade tão dura, rude e poderosa...
            Mas, esta visão deprimida e descrente somente pode ser possível se entendermos de modo enganoso a festa deste hoje. E é fácil compreendê-la assim, de modo errado. Vejamos, então! Quando afirmamos que Cristo é Rei, de que Reino estamos falando? De que modo de reinar? De que tipo de Rei? No Evangelho de hoje, Pilatos perguntou a Jesus: “Tu és Rei?” E Jesus confirma, mas esclarece: “O meu Reino não é deste mundo. Meu Reino não é daqui!” Eis! Um Reino que não é como os reinos deste mundo; um Reino que não tem de modo algum os critérios dos reinos daqui... Um Reino que não se vê pela dimensão do território, não se conta pelo poder de suas tropas... “Meu Reino não é daqui!” Trata-se, como diz o Prefácio da Missa de hoje, de um “reino eterno e universal: reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz”. Jesus é Rei não porque manda em tudo e em todos; é Rei não porque o mundo o reconhece e o adora... Nada disso! É verdade que, ao fim da história humana, toda a criação e toda a humanidade serão por ele julgadas e nele transfiguradas. As palavras da primeira leitura desta Celebração não são uma brincadeira nem uma fábula: “Entre as nuvens do céu vinha um como Filho do Homem, aproximando-se do Ancião de muitos dias, e foi conduzido à sua presença. Foram-lhe dados poder, glória e realeza e todos os povos, nações e línguas o serviam. Seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado, e seu reino, um reino que não se dissolverá”... Certamente, a glória do Senhor se manifestará de modo claro, palpável e inapelável ante todos nós e toda a humanidade; certamente o Senhor haverá de nos julgar a todos e a cada um de nós; certamente, a nossa história e a história humana toda serão passadas a limpo no Cristo... Mas, Jesus será tudo isso porque ele é o Filho do Homem, isto é, aquele que se fez homem, se fez pequeno, tomando nossa pobre condição humana! Aqui está a chave para compreender o reinado de Jesus! Ele não é Rei porque é grande e mandão; ele é Rei porque é Servo, porque nos amou a ponto de dar a vida por nós e por toda a humanidade. Observem que toda vez que a liturgia de hoje fala da sua Realeza, proclama seu amor que fê-lo morrer por nós. Escutem: “Eis que vem sobre as nuvens e todos os olhos o verão, também aqueles que o traspassaram. Todas as tribos da terra baterão no peito por causa dele!” Compreendem? Aquele que vem como Deus, sobre as nuvens, aquele que será contemplado, reconhecido um dia por todos, é o mesmo que foi traspassado na cruz! Toda a humanidade que o traspassou baterá no peito, arrependida, chorosa, admirada de tanto amor! Vejam outra passagem, o versículo do Apocalipse, que o Missal traz como antífona de entrada da Festa de hoje: “O Cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A ele a glória através dos séculos” (Ap 5,12; 1,6). É impressionante, caríssimos: aquele que é digno de receber todo louvor não é forte e altivo como um leão, mas doce e pacífico como um cordeiro; o Cordeiro que foi imolado, transpassado por nós! Ele é digno não porque nos amedronta com sua grandeza, mas porque nos conquista com seu amor e sua generosidade a ponto de se ter deixado imolar por nós! É o “Jesus que nos ama, que nos libertou com seu sangue; que fez de nós um Reino e sacerdotes para o seu Deus e Pai... A ele a glória e o poder...”
            Compreendem, caríssimos? O Reinado de Cristo não se impõe pela força, não se mede com a medida do mundo, não obedece aos nossos critérios! Cristo é Rei sim; é Senhor de todas as coisas, sim; haverá de nos julgar, sim: mas os seus modos, os seus tempos, os seus critérios não são os nossos! Por isso mesmo, a Festa de hoje não é um grito de triunfalismo tolo, mas sim uma firme e humilde proclamação do Senhorio de Cristo, na certeza de que o seu Reino já está presente no mundo. Este se manifesta nas coisas humildes e pequenas, a começar pela nossa vida. O Reino de Cristo deve aparecer sobretudo na vida da Igreja e na vida dos cristãos. Ali, onde o amor de Cristo é acolhido com doçura e bondade; ali, onde reina o amor e a caridade; ali onde o serviço e o perdão estão presentes; ali, onde se reza e se busca realmente levar a cruz com Cristo até a morte... É aí, nessas situações bem concretas, que o Reino de Cristo faz-se presente desde já... Cuidemos de ser atentos! Num mundo que adora tudo que é “mega” (mega-show, mega-evento, etc), tudo quanto é vistoso e pirotécnico, o Reino se apresenta com critérios totalmente opostos!
            Eis a grande lição da Festa deste hoje: o tempo, a história, o cosmo... tudo corre para Jesus: ele é o Alfa e o Ômega, o A e o Z, o Primeiro e o Último! É nele, no critério da sua cruz, que tudo será avaliado, tudo será julgado! Ao Reinado de Cristo, um Dia – no seu Dia - tudo estará plenamente submetido! Mas, nunca esqueçamos: aquele que é nosso Rei e Juiz é o nosso Salvador, o humilde Filho do Homem, que se manifestará revestido de glória porque morreu por nós: “Jesus Cristo é a Testemunha fiel, o Primogênito dentre os mortos, o Soberano dos reis da terra”. A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém.

Dom Henrique Soares

Crer em Deus ainda faz sentido?



No dia 11 de outubro passado, o papa Bento XVI abriu um "Ano da Fé" para toda a Igreja Católica. A iniciativa coincide com o 50.º aniversário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II, levada a efeito a seu tempo pelo papa João XXIII. São objetivos do "Ano da Fé" o reencontro dos fiéis com as raízes e as razões da fé da Igreja, sua melhor compreensão e um novo impulso na transmissão do patrimônio da fé, que os cristãos vivem e partilham com a humanidade há 20 séculos.
Pareceria que não faz mais sentido crer em Deus em nossos dias, sobretudo diante da afirmação da racionalidade científica e tecnológica. Há ideias bem diversas sobre a fé, nem sempre compatíveis entre si: há uma fé natural, que se confunde com um desejo intenso, há fé nos projetos humanos e até fé na ciência e na tecnologia. Sem entrar no mérito de cada uma dessas formas de uso do conceito "fé", e respeitando a forma como cada um crê ou não crê, desejo tratar aqui da fé sobrenatural em Deus e daquilo que decorre dessa fé, no sentido cristão de crer - mais exatamente, da Igreja Católica, à qual me dedico.
As perguntas que o próprio papa Bento XVI fez na abertura do "Ano da Fé", provavelmente, são as mesmas que mais de um leitor já se fez alguma vez: ainda tem sentido crer, quando a ciência e a técnica conferem ao homem uma sensação próxima da onipotência? O homem ainda precisa da fé? A fé não humilha a razão? O que significa crer?
Razão e fé, ciência e religião foram e são contrapostas com frequência, como se fossem inconciliáveis. Sobre esse tema o papa João Paulo II escreveu a carta encíclica Fides et Ratio (A Fé e a Razão), de grande profundidade, que permanece plenamente atual. Razão e fé não precisam nem devem, necessariamente, ser contrapostas. São duas vias de acesso à única realidade, percebida de maneiras diferentes; abordagens diversas quanto ao método e complementares quanto ao seu objeto, que é a verdade.
O ato de crer, no sentido cristão, vai além da mera adesão intelectual a uma verdade, ou a um ideal ético elevado. Tampouco se restringe à afirmação de doutrinas sobre Deus ou sobre realidades sobrenaturais. A fé é um dom de Deus, que se manifesta ao homem e o atrai a si, dando-lhe a capacidade de entrar em sintonia e diálogo com Ele. Ao mesmo tempo, é um ato que envolve plenamente o homem e o faz reconhecer os motivos para crer e a razoabilidade da adesão livre a uma realidade que se lhe apresenta luminosa e forte. A fé, nesse sentido, não é um ato irracional nem contrário à razão; nem puro sentimento, podendo ser compreendida e explicitada com argumentos, embora não seja fruto desses argumentos.
Nossa fé está ligada a fatos e eventos, mediante os quais Deus envolve o homem e se manifesta a ele; ao longo da História, de diversos modos Ele veio ao encontro do homem, sobretudo por Jesus Cristo. A fé é, portanto, a resposta livre e pessoal do homem a Deus; por ela nos abrimos para esse encontro misterioso e aderimos a Deus, que é mais que uma verdade intelectual, uma energia ou mesmo o grande caos... Ele se dá a conhecer como um "tu" pessoal, o grande Tu, em referência ao qual tudo passa a ter uma compreensão nova. De fato, a fé, no sentido cristão, oferece uma percepção própria da realidade, à luz de Deus.
O ato de fé é mais que um "crer em qualquer coisa"; é, acima de tudo, abrir-se a Deus e crer nele e, como consequência, naquilo que decorre desse ato de fé primeiro; por isso, a fé se traduz numa relação pessoal com esse grande Tu, que Jesus Cristo ensinou a reconhecer como um pai e a ter com Ele uma relação filial. Apesar de parecer a suprema ousadia da parte do homem, isso corresponde, de fato, ao anseio mais profundo do seu coração, que consiste em relacionar-se de maneira próxima e familiar com Deus.
No ato de crer, a dignidade do homem não é anulada, mas supera-se a frequente tentação de contrapor Deus ao homem. Deus não é a suprema ameaça à autonomia do homem, nem representa o grande obstáculo para que ele seja feliz. O ato de fé em Deus, no sentido exposto, proporciona ao homem a máxima possibilidade de compreensão dos mistérios de sua própria existência e de seu ser.
De fato, por muito que explique o mundo e a si mesmo pela ciência e pela filosofia, o homem não se dá por satisfeito, nem pode abafar algumas questões de fundo, que permanecem sem resposta: quem somos? Por que somos capazes de pensar, querer, decidir? Que significa essa inquietude, essa espécie de saudade interior, que nos impele a procurar a felicidade, o amor, a liberdade, a vida, algo que nos faz falta, como se um objetivo nos atraísse de maneira sutil, mas irresistível? Como orientar nossas escolhas livres para um êxito bom e feliz na vida? E a morte? Haverá algo além desta vida?
Responder de maneira peremptória a essas interrogações com um seco "não me interessa" seria levar pouco a sério o próprio mistério humano e fazer um ato de fé negativo, da mesma forma como faz um ato de fé positivo quem crê em Deus e, à sua luz, procura compreender melhor a si mesmo e ao mundo. E a contraposição inconciliável entre fé e razão, entre ciência e religião pode ser cômoda e simplista, levando a reprimir as interrogações humanas mais angustiantes e a estreitar o horizonte da compreensão do mundo e do ser humano; seria diminuir a própria dignidade homem.
Nossa inteligência é "capaz de Deus" e não está fechada para Ele. Crer é um ato humano livre por excelência, mediante o qual nos abrimos ao supremo Tu, ao Deus pessoal, e podemos alcançar uma certeza interior não menos importante do que aquela que nos vem das ciências exatas ou naturais. Reduzir nossa capacidade racional às certezas verificáveis seria diminuir essa mesma capacidade.

CARLO ACUTIS - seu amor a Jesus e sua vida evangélica


Está escrito: “Deus  é amor e quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus nele.” (1 João, 4, 16). Podemos ler essa parábola de amor no olhar do jovem CARLO ACUTIS, que cumpriu a sua peregrinação terrestre em apenas 15 anos.
O Concílio Vaticano II nos diz que a santidade é possibilidade e que todos somos chamados a ela (cf. Lumen Gentium, nn 39-42), e isso foi o que também aconteceu na breve existência desse filho de Deus. Uma santidade ordinária; não uma santidade no sentido banal, mas ligada às condições comuns, quotidianas da vida; não uma santidade heróica, mas uma santidade que soube atingir o ponto mais alto: o dom da vida.
Radicalidade é a base deste modelo de santidade, “pequena” pela idade, mas não para a estatura e espessura, onde todo o empenho de fazer uma leitura com naturalidade da vida a partir do mistério de Deus.
CARLO ACUTIS nasceu em Londres, aos 03 de maio de 1991, filho de Andrea e Antonia. De fato, desde pequeno o seu coração demonstrou alegria, determinação e humildade em sua caminhada rumo à “santa viagem”, vivendo na normalidade as suas atividades diárias, como a escola, os amigos, o amor pelo Criador e, sobretudo, a fé na extraordinariedade do Evangelho. Cresceu em uma família profundamente cristã; escolheu livremente dizer o “sim” com a própria vida, ao mistério que o envolvia; assim, a fé crescia com ele.
Após receber o sacramento da Primeira Comunhão, CARLO nunca faltou ao compromisso quotidiano com Cristo, presente na Eucaristia e adorado no sacrário; afirmava com entusiasmo a todos os jovens que Jesus era o seu “grande amor”.
Esta profunda intimidade com o sacrifício vivo do Corpo e Sangue de Cristo lhe fazia repetir frequentemente: “a Eucaristia é o meu caminho para o céu!”, compreendendo claramente que “o banquete eucarístico é para nós real antecipação do banquete final, pré anunciado pelos profetas (cf Is. 25, 6-9) e descrito no Novo Testamento como as ‘núpcias do Cordeiro’ (Ap. 19, 7-9) a celebrar-se na alegria da comunhão dos santos” (Bento XVI, Sacramentum Caritatis, n° 31).
Da Eucaristia celebrada no passado àquela vivida no compromisso concreto, não somente em favor daqueles que estavam próximos, mas também dos últimos, de quem vivia na dificuldade, como os excluídos da sociedade, os pobres, os incapazes, e tudo feito de uma maneira espontânea, simples, e ao mesmo tempo nobre, no coração que desarma toda possível acusação de .
Pode-se dizer que no campo da informática não havia segredos para ele, talento verdadeiramente inato, porque, apesar da sua pouca idade, foi capaz de competir com especialistas do campo, para o espanto de todos; porém, a coisa mais bela, é que não tinha somente para si esta inclinação particular, pois ficava feliz ao utilizá-la como voluntário na ajuda ao próximo.
Um verdadeiro discípulo de Jesus, que, com a inteligência e o coração, soube revolucionar a sua vida e a vida de quem o rodeava, não perdendo jamais as ocasiões para falar de Cristo, amá-Lo, partilhar a Palavra e citar o Magistério da Igreja que conhecia, apesar da sua “pequenez”, para ganhar almas para Cristo: “embora sendo livre de todos, me fiz servo de todos para ganhar o maior número. Fiz-me fraco com os fracos para ganhar os fracos, me fiz tudo para todos, para salvar a qualquer custo cada um. Tudo eu faço pelo Evangelho, para tornar-me um participante com eles” (cf.1 Cor. 9, 19-23). “O teu dia, meu Deus, virá diante de Ti... e com meu sonho mais louco: ter o mundo entre meus braços” (J. Leclercq), e tudo isso também a custo de rejeição ou escárnio por causa da sua fé viva.
CARLO era impulsionado por um único e constante desejo, o de conquistar quanto mais almas possíveis, não recorrendo a recursos mesquinhos, mas, com o testemunho constante e quotidiano da sua fé, vivida sem ostentação, simplesmente com coerência e desarmamento.
Por isso que muitos daqueles que tiveram a oportunidade de conhecê-lo pediram o batismo na Igreja Católica. Havia nele a viva convicção que “todos nascem como originais, mas muitos morrem como cópias”.
 Isso o levou a viver com originalidade os seus dias, não desperdiçando, nunca, a cada instante, os dons de Deus, porque a graça eleva a natureza, não a destrói; logo, tudo o que era natural em CARLO, era posto a serviço e por isso a graça o elevou: é tudo luz!
A clareza da fé em CARLO o levou a afirmar: “um balão, para subir bem alto, necessita despojar-se de tudo aquilo que pesa; pois assim faz a alma, para elevar-se ao céu, necessitando tirar pequenos pesos que são os pecados veniaisSe por acaso existe um pecado mortal, a alma cai sobre a terra e a confissão será como fogo,   o mesmo fogo que faz retornar ao céu o balão. É preciso confessar-se frequentemente porque a alma é muito complexa.
Faz-se necessário indicar outro aspecto fundamental do itinerário terreno e espiritual de CARLO ACUTIS: O seu amor pela Virgem Maria que ele mesmo definia como “a única mulher da minha vida”. Um amor genuíno, vivo, concreto na fidelidade quotidiana ao recitar o santo Rosário, definido por ele como o “compromisso mais cerimonioso da jornada”, na sua devoção aos primeiros sábados do mês.
A Ela consagrou várias vezes toda a sua vida, principalmentenas visitas que fez aos Santuários de Lourdes e de Fátima.
A história da “visão do inferno”, como descreveu irmã Lúcia de Fátima, o perturbou sobremaneira; por causa disso, CARLO decidiu trabalhar pela salvação das almas. Contribuiu também, para tal efeito, a leitura do “Tratado do Purgatório”,  de Santa Catarina Fieschi, de Gênova (1447-1510), onde são descritas as penas das almas do Purgatório, em sufrágio das quais oferecia orações, penitências e comunhões.
Para aqueles que não possuíssem o dom da fé e, através dela, a certeza da verdade que emana de Deus, CARLO se esforçava para que muitos pudessem levantar os olhos e ver a fé como um farol de luz que conduz à salvação.
Cada momento da sua vida, na família, na escola, nas relações com os outros, se tornava ocasião de testemunho natural da sua fé.
Preocupava-se muito com sua pureza e por isso confiava-se à Virgem Maria e às orações das monjas enclausuradas que frequenta.
Nos debates aos quais comparecia, CARLO era um defensor apaixonado da sacralidade da família contra o divórcio, bem como da vida contra o aborto e a eutanásia.
O testemunho evangélico de CARLO não é somente estímulo para os adolescentes de hoje, mas faz também com que pastores, sacerdotes e educadores se interroguem sobre a validade da formação que é oferecida aos jovens de nossas comunidades paroquiais, assim como torná-la mais incisiva e eficaz” (Don Michelangelo M. Tiribilli, OSB).
Aos jovens, CARLO se apresentava em sua totalidade: um adolescente do nosso tempo; testemunha que entregar-se a Cristo é viver uma vida “maior”, uma vida que não fecha as portas da liberdade e da alegria, porque “Ele não nos tira nada, mas doa tudo. Quem se doa à Ele, recebe o cêntuplo”(Bento XVI).


O perfil de CARLO era semelhante ao de Maria Magdalena. A sua juventude era “óleo perfumado de nardo puro, preciosíssimo”, que queria espalhar sobre os pés de Jesus (cf. Jo 12, 3); os seus dias, embora breves, foram como uma sequência até o calvário (cf. Jo 19, 25), sem descontos ou meias medidas.
No início de outubro de 2006, foi atingido por uma gravíssima leucemia, incurável. Também neste momento o amor vence o medo e, no hospital, disse: “ofereço todo o sofrimento, de que deverei padecer, ao Senhor, pelo Papa e pela Igreja, para não passar pelo purgatório e ir direto ao Paraíso”.
Recebe a Unção dos Enfermos e a “medicina” da Eucaristia, a sua “rodovia para o céu”. O médico pessoal fica maravilhado e edificado com seu modo de viver e suportar as dores atrozes: sorri a todos e mantém a sua gentileza, unida à uma grande paciência.
Quando o doutor que o acompanhava perguntou se sofria muito, CARLO respondeu com coragem: “existem pessoas que sofrem muito mais do que eu!”
O teólogo Karl Rahner afirma que: “para cada um, o tempo de vida que lhe é concedid, é o breve instante no qual se torna aquilo que deve ser”. Aqui se encontra todo o mistério deste jovem fiel, da Igreja Diocesana de Milão, que se reflete nos seus olhos carregados de sabedoria e de luz, quase antecipação dos eleitos na Jerusalém Celeste, Páscoa sem fim.
Às 6:45 horas de 12 de outubro de 2006, CARLO ACUTIS retorna à Casa do Pai “para sempre”, na ponta dos pés, sem rumor algum, como a lógica evangélica da semente, para cantar na eternidade o canto dos pequenos benditos de Deus e fazer de si o “hortus conclusus”[1], o Jardim do Éden onde o Senhor possa livremente “passear sobre a brisa do dia” (cf. Gen. 3, 8), o seu dia.

                                                                                  Don MARIO GULLO [2]



[1] Artists working about 1400 popularized in a variety of ways the theme of the so-called hortus conclusus, or enclosed garden, in which the Virgin, surrounded by angels and saints, appears in a flower garden enclosed by a wall. Medieval hymns would often evoke the same celestial vision, but in painting it only appeared when the everyday milieu of people and the countless marvels of nature had been admitted to the sphere of devotional art. In these usually small, enchanting paintings the joys of earthly life are blended with a profound, manifold symbolic content. The orchard of the Master of the Upper Rhineland is the idyllic milieu of a cheerful aristocratic company, but, at the same time, it also conjures up the Paradise of Heaven. All its motifs are depicted in a virtually tactile way and yet they are symbols glorifying the Creation, Mary the Queen of Heaven and the Mother of the Saviour, as well as praising the various virtues. St Michael, who appears meditating in melancholy manner and looking at the spectator from the bottom right side of the picture, may exactly express the spiritual attitude in which a believer of the period approached the painting.


[2] Don MARIO GULLO
Vicario Parrocchiale
Parrocchia Gesù Lavoratore – Giarre – Italia
Largo Fleming - 95014 - Giarre (CT) - tel. 095932217

Comunhão


Comunhão
84.       O sacerdote prepara-se para receber frutuosamente o Corpo e Sangue de Cristo rezando uma oração em silêncio. Os fiéis fazem o mesmo orando em silêncio.
Depois o sacerdote mostra aos fiéis o pão eucarístico sobre a patena ou sobre o cálice e convida-os para o banquete de Cristo; e, juntamente com os fiéis, faz um acto de humildade, utilizando as palavras evangélicas prescritas.
85.       É muito para desejar que os fiéis, tal como o sacerdote é obrigado a fazer, recebam o Corpo do Senhor com hóstias consagradas na própria Missa e, nos casos previstos, participem do cálice (cf. n. 283), para que a Comunhão se manifeste, de forma mais clara, nos próprios sinais, como participação no sacrifício que está a ser celebrado.
86.       Enquanto o sacerdote toma o Sacramento, dá-se início ao cântico da Comunhão, que deve exprimir, com a unidade das vozes, a união espiritual dos comungantes, manifestar a alegria do coração e realçar melhor o carácter «comunitário» da procissão daqueles que vão receber a Eucaristia. O cântico prolonga-se enquanto se ministra aos fiéis o Sacramento. Se se canta um hino depois da Comunhão, o cântico da Comunhão deve terminar a tempo.
             Procure-se que também os cantores possam comungar comodamente.
87.        Como cântico da Comunhão pode utilizar-se ou a antífona indicada no Gradual Romano, com ou sem o salmo correspondente, ou a antífona do Gradual simples com o respectivo salmo, ou outro cântico apropriado aprovado pela Conferência Episcopal. Pode ser cantado ou só pela schola, ou pela schola ou por um cantor juntamente com o povo.
Se, porém, não se canta, a antífona que vem no Missal pode ser recitada ou pelos fiéis, ou por alguns deles, ou por um leitor, ou então pelo próprio sacerdote depois de ter comungado e antes de dar a Comunhão aos fiéis.
88.       Terminada a distribuição da Comunhão, o sacerdote e os fiéis, conforme a oportunidade, oram alguns momentos em silêncio. Se se quiser, também pode ser cantado por toda a assembleia um salmo ou outro cântico de louvor ou um hino.
89.          Para completar a oração do povo de Deus e concluir todo o rito da Comunhão, o sacerdote diz a oração depois da Comunhão, na qual implora os frutos do mistério celebrado.
                Na Missa diz-se uma só oração depois da Comunhão, que termina com a conclusão breve, isto é:
– se a oração se dirige ao Pai: Per Christum Dóminum nostrum;
– se se dirige ao Pai mas no fim da oração se menciona o Filho: Qui vivit et regnat in sáecula saeculórum;
            – se se dirige ao Filho: Qui vivis et regnas in saecula saeculórum.
O povo faz sua esta oração por meio da aclamação: Amém.

Comunhão de joelhos e na boca*

Comunhão em pé e na boca*

Rito da Comunhão


Rito da Comunhão


80.          A celebração eucarística é um banquete pascal. Convém, por isso, que os fiéis, devidamente preparados, nela recebam, segundo o mandato do Senhor, o seu Corpo e Sangue como alimento espiritual. É esta a finalidade da fracção e dos outros ritos preparatórios, que dispõem os fiéis, de forma mais imediata, para a Comunhão.

Oração dominical
81.          Na Oração dominical pede-se o pão de cada dia, que para os cristãos evoca principalmente o pão eucarístico; igualmente se pede a purificação dos pecados, de modo que efetivamente “as coisas santas sejam dadas aos santos”. O sacerdote formula o convite à oração, que todos os fiéis recitam juntamente com ele. Então o sacerdote diz sozinho o embolismo, que o povo conclui com uma doxologia. O embolismo é o desenvolvimento da última petição da oração dominical; nele se pede para toda a comunidade dos fiéis a libertação do poder do mal.
O convite, a oração, o embolismo e a doxologia conclusiva dita pelo povo, devem ser cantados ou recitados em voz alta.

Rito da paz

82.          Segue-se o rito da paz, no qual a Igreja implora a paz e a unidade para si própria e para toda a família humana, e os féis exprimem uns aos outros a comunhão eclesial e a caridade mútua, antes de comungarem no Sacramento.
Quanto ao próprio sinal com que se dá a paz, as Conferências Episcopais determinarão como se há-de fazer, tendo em conta a mentalidade e os costumes dos povos. Mas é conveniente que cada um dê a paz com sobriedade apenas aos que estão mais perto de si.

Fração do pão

83.          O sacerdote parte o pão eucarístico. O gesto da fracção, praticado por Cristo na última Ceia, e que serviu para designar, nos tempos apostólicos, toda a ação eucarística, significa que os fiéis, apesar de muitos, se tornam um só Corpo, pela Comunhão do mesmo pão da vida que é Cristo, morto e ressuscitado pela salvação do mundo (1 Cor 10, 17). A fracção começa depois de se dar a paz e realiza-se com a devida reverência, mas não se deve prolongar desnecessariamente nem se lhe deve atribuir uma importância excessiva. Este rito é reservado ao sacerdote e ao diácono.
Enquanto o sacerdote parte o pão e deita uma parte da hóstia no cálice, a schola ou um cantor canta ou pelo menos recita em voz alta a invocação Cordeiro de Deus, a que todo o povo responde. A invocação acompanha a fracção do pão, pelo que pode repetir-se o número de vezes que for preciso, enquanto durar o rito. Na última vez conclui-se com as palavras: Dai-nos a paz.


Liturgia eucarística - Parte II


Oração eucarística
78.          Inicia-se então o momento central e culminante de toda a celebração, a Oração eucarística, que é uma oração de ação de graças e de consagração. O sacerdote convida o povo a elevar os corações para o Senhor, na oração e na ação de graças, e associa-o a si na oração que ele, em nome de toda a comunidade, dirige a Deus Pai por Jesus Cristo no Espírito Santo. O sentido desta oração é que toda a assembleia dos fiéis se una a Cristo na proclamação das maravilhas de Deus e na oblação do sacrifício.
79.        Como elementos principais da Oração eucarística podem enumerar-se os seguintes:
a) Acção de graças (expressa de modo particular no Prefácio): em nome de todo o povo santo, o sacerdote glorifica a Deus Pai e dá-Lhe graças por toda a obra da salvação ou por algum dos seus aspectos particulares, conforme o dia, a festa ou o tempo litúrgico.
b) Aclamação: toda a assembleia, em união com os coros celestes, canta o Sanctus (Santo). Esta aclamação, que faz parte da Oração eucarística, é proferida por todo o povo juntamente com o sacerdote.
c) Epiclese: consta de invocações especiais, pelas quais a Igreja implora o poder do Espírito Santo, para que os dons oferecidos pelos homens sejam consagrados, isto é, se convertam no Corpo e Sangue de Cristo; e para que a hóstia imaculada, que vai ser recebida na Comunhão, opere a salvação daqueles que dela vão participar.
d) Narração da instituição e consagração: mediante as palavras e gestos de Cristo, realiza-se o sacrifício que o próprio Cristo instituiu na última Ceia, quando ofereceu o seu Corpo e Sangue sob as espécies do pão e do vinho e os deu a comer e a beber aos Apóstolos, ao mesmo tempo que lhes confiou o mandato de perpetuar este mistério.
e) Anamnese: em obediência a este mandato, recebido de Cristo Senhor através dos Apóstolos, a Igreja celebra a memória do mesmo Cristo, recordando de modo particular a sua bem-aventurada paixão, gloriosa ressurreição e ascensão aos Céus.
f) Oblação: neste memorial, a Igreja, de modo especial aquela que nesse momento e nesse lugar está reunida, oferece a Deus Pai, no Espírito Santo, a hóstia imaculada. A Igreja deseja que os fiéis não somente ofereçam a hóstia imaculada, mas aprendam a oferecer-se também a si mesmos e, por Cristo mediador, se esforcem por realizar de dia para dia a unidade perfeita com Deus e entre si, até que finalmente Deus seja tudo em todos.
g) Intercessões: por elas se exprime que a Eucaristia é celebrada em comunhão com toda a Igreja, tanto do Céu como da terra, e que a oblação é feita em proveito dela e de todos os seus membros, vivos e defuntos, chamados todos a tomar parte na redenção e salvação adquirida pelo Corpo e Sangue de Cristo.
h) Doxologia final: exprime a glorificação de Deus e é ratificada e concluída pela aclamação Amém do povo.


Liturgia eucarística - Parte I


Liturgia eucarística

72.          Na última Ceia, Cristo instituiu o sacrifício e banquete pascal, por meio do qual, todas as vezes que o sacerdote, representando a Cristo Senhor, faz o mesmo que o Senhor fez e mandou aos discípulos que fizessem em sua memória, se torna continuamente presente o sacrifício da cruz.
Cristo tomou o pão e o cálice, pronunciou a ação de graças, partiu o pão e deu-o aos seus discípulos, dizendo: «Tomai, comei, bebei: isto é o meu Corpo; este é o cálice do meu Sangue. Fazei isto em memória de Mim». Foi a partir destas palavras e gestos de Cristo que a Igreja ordenou toda a celebração da liturgia eucarística. Efetivamente:
1) Na preparação dos dons, levam-se ao altar o pão e o vinho com água, isto é, os mesmos elementos que Cristo tomou em suas mãos.
2) Na Oração eucarística, dão-se graças a Deus por toda a obra da salvação, e as oblatas convertem-se no Corpo e Sangue de Cristo.
3) Pela fracção do pão e pela Comunhão, os fiéis, embora muitos, recebem, de um só pão, o Corpo e Sangue do Senhor, do mesmo modo que os Apóstolos o receberam das mãos do próprio Cristo.

Preparação dos dons

73.       A iniciar a liturgia eucarística, levam-se para o altar os dons, que se vão converter no Corpo e Sangue de Cristo.
Em primeiro lugar prepara-se o altar ou mesa do Senhor, que é o centro de toda a liturgia eucarística; nele se dispõem o corporal, o purificador (ou sanguinho), o Missal e o cálice, salvo se este for preparado na credência.
Em seguida são trazidas as oferendas. É de louvar que o pão e o vinho sejam apresentados pelos fiéis. Recebidos pelo sacerdote ou pelo diácono em lugar conveniente, são depois levados para o altar. Embora, hoje em dia, os fiéis já não tragam do seu próprio pão e vinho, como se fazia noutros tempos, no entanto o rito desta apresentação conserva ainda valor e significado espiritual.
Além do pão e do vinho, são permitidas ofertas em dinheiro e outros dons, destinados aos pobres ou à Igreja, e tanto podem ser trazidos pelos fiéis como recolhidos dentro da Igreja. Estes dons serão dispostos em lugar conveniente, fora da mesa eucarística.
74.       A procissão em que se levam os dons é acompanhada do cântico do ofertório (cf. n. 37, b), que se prolonga pelo menos até que os dons tenham sido depostos sobre o altar. As normas para a execução deste cântico são idênticas às que foram dadas para o cântico de entrada (cf. n. 48). O rito do ofertório pode ser sempre acompanhado de canto.
75.       O pão e o vinho são depostos sobre o altar pelo sacerdote, acompanhados das fórmulas prescritas. O sacerdote pode incensar os dons colocados sobre o altar, depois a cruz e o próprio altar. Deste modo se pretende significar que a oblação e oração da Igreja se elevam, como fumo de incenso, à presença de Deus. Depois o sacerdote, por causa do sagrado ministério, e o povo, em razão da dignidade baptismal, podem ser incensados pelo diácono ou por outro ministro.
76.       A seguir, o sacerdote lava as mãos, ao lado do altar: com este rito se exprime o desejo de uma purificação interior.

Oração sobre as oblatas

77.       Depostas as oblatas sobre o altar e realizados os ritos concomitantes, o sacerdote convida os fiéis a orar juntamente consigo e recita a oração sobre as oblatas. Assim termina a preparação dos dons e tudo está preparado para a Oração eucarística.
Na Missa diz-se uma só oração sobre as oblatas, que termina com a conclusão breve, isto é: Per Christum Dóminum nostrum; se no fim da oração se menciona o Filho, diz-se: Qui vivit et regnat in sáecula saeculórum.