Saudações em Cristo,
É muito bom e importante contar com o
seu serviço e comprometimento com a Sagrada Liturgia. O batismo nos impulsiona
ao compromisso com o Reino de Deus. Ao retomarmos a filiação Divina, devemos colocar nossos dons à
disposição do próximo e servir com amor e fé.
Tivemos a oportunidade de, em 2013,
viver momentos únicos e importantes à nossa vida de fé. Primeiramente, o Ano da
Fé conclamado pelo, então, Papa Bento XVI, que insistiu em uma maior vivência
dos compromissos batismais, a fim de que renovássemos nossa fé, tomássemos a
consciência da beleza e grandiosidade de sermos filhos de Deus, que creem com e
na Igreja, em uma fé viva, enraizada e edificada em Cristo, uma “fé que atua
pelo amor”. Em seguida, Bento XVI deu ao mundo um grande exemplo de humildade,
ao reconhecer a falta das forças físicas e espirituais para conduzir a Barca de
Pedro, renunciando ao Ministério Petrino.
O Espírito Santo conduziu, conduz e
sempre guiará a Igreja de Cristo e, assim, no dia 13 de março de 2013, os
cardeais escolheram o Cardeal Bergoglio para ser Bispo de Roma. O Papa
Francisco, ao suceder Bento XVI, com um caráter de ação pastoral diferente,
mantém-se fiel; conduzindo com amor, fé, humildade e simplicidade o Povo de
Deus. Francisco nos mostra de modo prático e direto as práticas da fé, assim
como fizeram seus antecessores.
Podemos acompanhar a continuidade
renovadora da Igreja, cujo Esposo jamais deixa: Jesus Cristo que, põem a frente
de sua Igreja, pastores segundo as necessidades de seu rebanho. Nestes últimos
tempos percorremos um itinerário de aprendizado e fortalecimento de fé, pelas
belas encíclicas e mensagens, homilias e catequeses de Bento XVI. Hoje,
permanecemos neste aprendizado, mas, a partir dele somos incitados
continuamente pelo Papa Francisco a nos colocar em missão, como Igreja viva,
que ama e que anuncia a “alegria do Evangelho”.
“Ide, sem medo, para servir”, disse o
Bispo de Roma na JMJ Rio2013, envio muito semelhante ao que ouvimos no final da
Santa Missa: “Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe”. A Santa Missa, vivida
com piedade, amor e zelo deve produzir este fruto de missão e ardor evangélico
em nós.
Muito vimos e estudamos sobre o rito
da Missa, o sentido de cada parte. É preciso estudar, mas, ainda mais do que o
conhecer pela razão, a experiência eficaz da Santa Missa deve partir do
coração. Quando digo coração, me refiro àquela participação ativa que a Sacrossanctum Concilium nos propõe, na
qual nos voltamos ao Senhor com todo nosso coração, alma, espírito e
entendimento. É este conhecimento que devemos ter, o conhecimento que se faz
vida, que gera fruto, que brota de experimentar e fazer a experiência do
Gólgota e do Banquete Eucarístico com o Senhor Jesus e com nossos irmãos na fé.
É preciso “orar sem cessar”.
Por isso, antes de nos colocarmos na
ação, é preciso a busca do sentir. Antes de nós, como cerimoniários, pensarmos
em orientar, conduzir, ensinar ou preparar, é preciso que vivamos, amemos,
voltemos nosso olhar para a realidade da nossa comunidade, em obediência à
Igreja Universal e Particular, em comunhão com o Bispo e nossos párocos.
Voltar o nosso olhar à realidade não
significa fechar nossos olhos ao que talvez não esteja acontecendo segundo o
que é orientado pela Igreja. Voltar-nos à realidade implica em sentir a
necessidade das pessoas, perceber a fé de cada gesto, ter a caridade de
orientar com paciência e paulatinamente, ter a humildade de calar, ouvir e
aprender. Não somos legisladores ou detentores das normas; somos servidores, e
a primeira grandeza do serviço, como nos ensinou Cristo, consiste em amar e
colocar-se no último lugar.
Recordemos alguns aspectos
fundamentais práticos da atuação do cerimoniário:
01.
Íntima colaboração e comunhão com o bispo diocesano, sacerdotes, equipes de
liturgia.
02.
Vida pessoal e pública coerentes com o que se espera de todo cristão
comprometido, sobretudo os que exercem algum serviço na comunidade, por
exemplo, as atitudes diárias na escola, trabalho, com a família devem ser de
testemunhos segundo o Evangelho. A interação e publicações em Redes Sociais também
devem ser coesas, e, antes de qualquer apontamento de terceiros, devemos nos
questionar o bem que nossas atitudes farão, se não serão causa de escândalo ou
ofensa, se as fontes são confiáveis, para o caso de publicações referentes à
Sagrada Liturgia, se elas estão de acordo com o Magistério Autêntico, em
comunhão com a Santa Sé, a CNBB e o Bispo Diocesano. Além disso, cuidemos com
as páginas da web que se julgam no direito de formar opiniões e legislar as
coisas da Igreja, sem serem legisladoras de direito.
03.
O Cerimoniário deve buscar proximidade com os demais ministérios e serviços
(pastorais, movimentos e organismos) envolvidos com a Igreja – comunidade de
irmãos - e lembrar que cada um deve fazer aquilo que lhe compete, tendo em
mente que o Cerimoniário não é legislador e nem compete a ele determinar algo
relativo aos Sagrados Mistérios, mas, sim, ter uma postura de acolhimento,
sobriedade, amor e obediência.
04.
O estudo é importante, mas deve abranger outros aspectos da fé, não podemos nos
deter apenas nas rubricas, desta forma, fica como sugestão, desde já, que
leiamos a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, do Papa Francisco.
05.
As celebrações devem ser organizadas com antecedência, e segundo as orientações
do pároco, o Cerimoniário busque o contato antecipado com as equipes, pois na
hora, ou nas horas que antecedem a Santa Missa não é o momento para “cortar”
aquilo que foi preparado, além do mais, Cerimoniário algum tem autoridade para
isto, pois somos colaboradores e devemos prezar pela unidade, bem pastoral e
obediência.
06.
O cerimoniário deve se observar para que exerça sua função com sobriedade,
piedade, discrição, zelo e amor. Antes de tudo, os cerimoniários devem
participar de forma ativa das celebrações, vivendo-a, e apenas a partir desta
experiência e testemunho poderão servir como se deve.
07.
Novamente ressalto a importância da oração, da caridade e da sobriedade. A
oração é o que propulsiona a vida de missão. A caridade, demonstrada na
acolhida, silêncio, paciência e obediência são características que devemos
cultivar a cada dia. A sobriedade, simplicidade, humildade e leveza em nossos
gestos e ao preparar as celebrações tem sido de modo direto, ou indireto,
pedidas e indicadas pelo Papa Francisco e pelo nosso Bispo Dom Dirceu, para que
jamais percamos o foco da centralidade do Mistério Pascal e a dimensão
evangelizadora e pastoral da Santa Missa. Para tanto vale refletir as palavras
do Papa na Evangelii Gaudium, ao falar sobre o mundanismo espiritual: “Este obscuro mundanismo manifesta-se em
muitas atitudes, aparentemente opostas mas com a mesma pretensão de «dominar o
espaço da Igreja». Nalguns, há um cuidado exibicionista da liturgia, da
doutrina e do prestígio da Igreja, mas não se preocupam que o Evangelho adquira
uma real inserção no povo fiel de Deus e nas necessidades concretas da
história. Assim, a vida da Igreja transforma-se numa peça de museu ou numa
possessão de poucos.” São palavras, talvez duras a nós, mas que nos devem
levar ao questionamento de como está nosso sentir e nosso agir na Sagrada
Liturgia, é o nosso pastor que nos fala, e ele quer que também nós, em nosso
serviço transmitamos a “Alegria do Evangelho” e a doçura de ser de Cristo.
Que este tempo oportuno de mudança de
vida nos ajude a refletir, e pela oração, jejum e caridade, a nos colocarmos no
caminho da conversão, seguindo os passos de Jesus a Jerusalém. Voltemos nosso
coração a Ele, para que tenhamos mais clareza em nosso serviço: conhecer, amar,
compreender. Conhecer para amar. Amar para compreender e sentir com o coração,
alma e entendimento, com simplicidade, sobriedade, zelo, paciência e comunhão.
Permaneçamos firmes na fé, juntos de
Cristo, que vai conosco no itinerário da Cruz, passando pelas provações e
sofrimentos, à alegria da Ressurreição. Que Ele nos abençoe e que o Espírito
Santo nos dê a sabedoria necessária para bem servir. Confiemo-nos também a
Maria, Auxílio dos Cristãos e ao Bem Aventurado Adílio, para que estejamos, com
e pelo amor, mergulhados no Mysterium
Fidei.
Unidos pela fé e na oração,
Fraternalmente,
Lucas Marciel da Silva
Seminarista Propedeuta
Coordenador Diocesano dos
Servidores do Altar