Cada vez menos é Deus que se encontra em destaque, cada vez
mais importância ganha tudo o que as pessoas aqui reunidas fazem e que em nada
se querem submeter a um “esquema prescrito”.
A cruz deveria encontrar-se no meio do altar, sendo o ponto
de vista comum para o sacerdote e para a comunidade orante. Assim, seguimos a
antiga exclamação de oração no limiar da Eucaristia “Conversi ad Dominum” -
voltai-vos para o Senhor. Desta maneira olhamos juntos para Aquele cuja morte
rasgou o véu – para o que está diante do Pai por nós e que nos abraça, fazendo
de nós templos vivos. Considero as inovações mais absurdas das últimas décadas
aquelas que põem de lado a cruz, a fim de libertar a vista dos fiéis para o
sacerdote. Será que a cruz incomoda a Eucaristia? Será que o sacerdote é mais
importante que o Senhor? Este erro deveria ser corrigido o mais depressa
possível, não sendo precisas para isso nenhumas reconstruções. O Senhor é o
ponto de referência. Ele é o Sol nascente da História. A cruz pode ser a da
paixão, que presencia Jesus que por nós deixou transpassar seu lado, donde
derramou sangue e água – eucaristia e batismo – tal como pode ser a cruz
triunfal, que reflete a ideia do regresso, guiando o nosso olhar para Ele. Pois
é sempre o mesmo Senhor Jesus Cristo, é sempre o mesmo ontem, hoje e por toda a
eternidade (Hb 13,8).
Joseph Ratzinger - Introdução ao espírito da Liturgia
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